Não é um erro de português, nem questão de monarquia, por mais que eu me sinta um rei sem ter que ir pra creche. É só um neologismo, pouco criativo e quase inevitável nesses dias. Há exatamente quatro semanas recebemos a notícia de que minha creche fecharia por 12 dias, prazo logo atualizado para ‘por tempo indeterminado.’ Motivo: tal de um coronavírus. Eu festejei a notícia, apesar de perceber agora o quanto meus amigos e minha amigas da creche fazem falta. Papai e mamãe eu não vi festejando a notícia em nenhum momento. A universidade onde a mamãe trabalha também fechou e papai só pôde fazer mais alguns quilos de pão até decidir também ficar em casa. Foi assim em toda a Romênia desde que algumas pessoas por aqui apareceram com esse corona, uma rápida decisão de fechar e parar tudo possível. E no começo nós ainda fazíamos longos passeios pela margem do rio, encontrávamos alguém aqui e ali, Rada, Dima. Depois a coisa foi ficando mais séria e há pelo menos duas semanas que estou com papai e mamãe trancafiado entre algumas paredes.
Com a frente fria, um amigo Ei, será que esse corona resiste ao frio?
Foi no dia 24 de março que o governo romeno decidiu intensificar os cuidados e passou a permitir a saída de casa apenas por alguns motivos bem específicos. Papai e mamãe revezam uma hora de esporte por dia. fazer compras também é permitido e, fosse eu um cachorro, também poderia sair pra passear a qualquer momento, mas a lei quanto a passear com crianças ainda não é bem clara. Eu, como também preciso de um pouco de ar fresco e movimento, acompanho um dos dois de vez em quando. Evitamos os parquinhos, é claro, mas ainda dá pra inventar boas brincadeiras na beira do Someș. E não pensem que isso de não ir pra creche deu lugar à balbúrdia. Com o tempo, fomos criando nossa rotina de isolamento.
Tentamos manter o contato com familiares E rola até um jogo de tabuleiro à distância com meu primo Ole
Muita filosofia e sociologia E um pouco de ciência aplicada
E em casa de padeiro… … o forno nunca para.
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